19 - RAÇÃO BALANCEADA

Pudibundo, aparatoso, 
o homem togado, 
convicto e obeso, 
absolve o criminoso 
de guerra – patriota, 
festejando sua indômita 
e voraz bravura. 


Tem pressa, tamborila, 
a voz, rouca, tange: 
- O próximo! 
As grades rangem, 
Rebanhos pastam, aguardam 
a vez. 
Vadios, prostitutas, 
bichas loucas, 
estelionatários 
que um camburão despejou lá fora. 



Fedem. 



O magistrado ri, balofo, 
cego e balança a saia. 
Protege a nação 
da desregulada 
e momentosa dissolução 
dos costumes. 
Grave e generoso, 
grasna: - O próximo! 
O código bordeja a corja 
- a sala cheia, barganha. 
Como reza a lei, 
a salvo a tradição fica 
de famílias quietas 
a gerar mundanas, a 
desovar foras-da-lei 
inéditos e rechonchudos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário